A celebração de Todos os Santos, pode ajudar-nos a marcar o sentido do mês de Novembro, e a nossa oração. Aqui vai esta ajuda.
Creio que não houve pontificado nenhum em que houvesse mais beatificações e canonizações. Este facto é apelo para a Igreja, para cada um de nós a sermos mais santos. É apelo à santidade de todos, como nos ensinou o Concílio Vaticano II, ao falar da vocação universal à santidade ( LG). Se somos vocacionados à santidade precisamos de nos abrir ao sopro do Espírito que nos santifica. Precisamos de viver com intensidade de fé e de amor uma vida sacramental que nos santifica. Precisamos, sobretudo de viver o mandamento novo do Senhor, o mandamento do amor fraterno: “amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”, que é o caminho mais directo da santidade e para a santidade. Se Deus é amor seremos tanto mais santos quanto mais amarmos. Mas santos de vida, não de oração estéril, de penitência infecunda, de trabalho que esvazia. Santidade que é a vida de Deus em nós, santidade que é comunhão pessoal e íntima com a Trindade, santidade que é a vivência do amor.
A santidade não é privilégio de alguns é vocação de todos. Um santo não é uma pessoa “anormal”, estranha nos seus comportamentos, a viver numa redoma. Um santo é um pecador que não desiste, que luta, que se deixa fortalecer pelo Espírito e caminha, mesmo com defeitos e quedas. Um santo é um cristão normal que coloca a máxima perfeição em tudo o que faz, diz, reza, sofre, etc. para se identificar cada dia com Jesus, o Santo por excelência, o autor e o consumador da santidade. Um santo é um cristão e uma cristã que colocam amor em todas as coisas que fazem e procuram fazer tudo com o coração em Deus. Um santo não é um visionário, um penitente rígido, alguém que vive a fuga do mundo e das pessoas. Onde está, onde vive, onde trabalha, ama a sério a vontade de Deus e deseja cumpri-la com a máxima perfeição de que é capaz. Mas um “santo” é sobretudo um cristão ou uma cristã que se deixa trabalhar por Deus, que abre o seu coração e a sua alma a Deus, que pede a Deus que o vá conduzindo nos caminhos da santidade. Esta é mais um dom que uma conquista. Não é santo quem quer, mas sim quem se deixa ajudar por Deus e pela força santificadora da sua graça. Daí que a santidade exige a súplica humilde, sincera, perseverante. Só o amor de Deus nos pode fazer santos.
A exortação de Jesus, “sede perfeitos como o Pai”, deve ecoar continuamente nos nossos ouvidos e nos nosso corações. A palavra de S. Paulo: “a vontade de Deus é a vossa santificação” deve ser um contínuo clamor aos ouvidos da nossa alma. O mundo precisa de homens e de mulheres que aceitam o desfio da santidade, que apostam no caminho da santidade, que buscam a santidade no coração e no amor de Deus. Que seria a Igreja sem santos? Que seria uma paróquia sem santos? Que seria uma família sem santos, que seriam as nossas fábricas, as nossas escolas, os nosso locais de lazer, as nossas universidades, os locais de emprego, sem homens e mulheres que apostam na santidade das suas vidas. Homens e mulheres que não só procuram saber coisas sobre Deus, sobre a fé, sobre a Bíblia, mas que tentam saborear Deus, experimentar Deus, que entram no diálogo com Ele, que preenchem a sua vida de muita oração, de comunhão como divino, com Deus uno e trino. Doutores sem oração não experimentaram Deus e não caminham para a santidade, padres sem oração, não serão bons pastores, pais e mães de família sem oração, não constróem uma verdadeira igreja doméstica. Consagrados sem uma vida de oração fecunda, tendo Deus como seu absoluto, são uma caricatura de homens e mulheres que deviam ser só de Deus. Baptizados que, no meio da sua vida familiar, social e profissional não dão testemunho de Deus porque lhes falta uma oração que os comprometa com o divino, para poderem amar e transformar o mundo, não são luz, nem sal, nem fermento.
Santos, precisam-se, pois os baptizados trazendo em si mesmos o gérmen da santidade, necessitam de o testemunhar com as suas vidas e com o seu modo de amar a santidade de Deus.
Santos, precisam-se, pois a Igreja que é santa mas composta de homens e mulheres pecadores, precisa de testemunhar ao mundo a santidade de Jesus, o seu Esposo, o Santo por excelência.
Santos, precisam-se, pois, as famílias em que vivemos têm de ser verdadeiras “igrejas domésticas”, onde reine o amor, a justiça, a harmonia, a unidade mais perfeita, a comunhão, a capacidade de perdão e de tolerância.
Santos precisam-se, pois, a sociedade, tantas vezes mergulhada na guerra, no ódio, no crime, em que há tanta fome e tanta espécie de miséria, necessitam de apóstolos do amor e da verdade, defensores da vida e da justiça.
Santos precisam-se, pois, as trevas ofuscam a luz, o ódio quer dissipar o amor, a mentira quer impor-se à verdade, há tentativas satânicas para nos afastar de Deus e precisamos de luzeiros que nos ensinem o caminho e nos indiquem a verdade.
Santos precisam-se, pois há uma onde de luxúria, de pornografia, há uma falta de estima pelo dom da castidade e pela maravilha da virgindade, e precisamos de quem nos “grite”, que o amor puro é dom e graça.
Santos precisam-se, pois, o demónio, príncipe das trevas e homicida desde do começa, continua a sua obra de destruição e de morte, e necessitamos quem dê a vida para defender a vida, quem testemunhe o valor sagrado da dignidade humana.
Santos precisam-se, pois a onda de egoísmo, de consumismo, de egocentrismo, os falsos valores do dinheiro, do prazer, do álcool, da droga, necessitam de quem seja capaz de testemunhar o amor evangélico e o dom sem limites.
Santos precisam-se, pois enquanto houver leis e programas de governos que aprovam o aborto e a eutanásia, que não defendem o valor da vida, que semeiam a cizânia no meio do joio, necessitamos de quem nos testemunhe o divino e o sagrado.
Santos, precisam-se, pois, o ciúme, a avareza, a soberba, a auto-suficiência, são anti-valores que não deixam viver o evangelho e necessitamos quem nos aponte caminhos de humildade, de serviço, de despojamento evangélico.
