Uma das belas imagens de Fátima são as velas: nas procissões noturnas ou no tocheiro. Numa situação e na outra têm significados diferentes.
Nas procissões, a vela significa a luz da fé cristã. Evoca a luz criada por Deus como condição fundamental para toda a vida, a luz de Cristo que os fiéis recebem no batismo e também a luz de Deus que Nossa Senhora comunicou aos pastorinhos, fazendo-os conhecer a Deus e ver-se a si próprios em Deus. Com a sua vela acesa na mão, caminhando com os irmãos na fé, na companhia da imagem da Mãe do Céu, o cristão manifesta o seu desejo e a sua confiança de caminhar na vida quotidiana iluminado pela luz de Cristo e sendo para os outros expressão dessa luz mediante o amor as suas boas obras.
As velas queimadas no tocheiro são simultaneamente oferta e súplica que os devotos fazem à Virgem Maria. Este seu ato representa o seu sentimento e as suas esperanças. É expressão de gratidão e prece pelas necessidades e aflições da vida. São, portanto, atos de devoção, que deverão ser acompanhados por um empenho de levar uma vida reta, honesta, justa e de amor.
Será preciso oferecer várias velas para ser melhor atendido ou representar várias pessoas? Não. Uma só vela é suficiente para dizer tudo o que se tem no coração. Jesus chamou a atenção para não dizer muitas palavras na oração. O mesmo se pode dizer das velas!
Ontem (sábado, 18.09.2021), fiquei impressionado com a fila enorme de pessoas que queriam ir oferecer uma vela. Quero crer que as velas exprimam e não substituam as orações e o empenho pessoal de vivência sob a luz da fé na vida quotidiana e nas relações pessoais, familiares e sociais.
Devoção sem amor não tem valor.
