Lúcia um Segredo chamado Oração

De tantas graças que o Céu me concedeu, uma das maiores e mais gratificantes foi sem dúvida conhecer e amar o Carmelo de Coimbra. Amizade que se prolonga no tempo, com quase duas décadas, numa cumplicidade fraterna que me leva a saborear a vida como um dinamismo de santidade.

Foi a Irmã Lúcia que me levou até lá, embora nunca a tenha visto pessoalmente, foi em busca da sua presença, que o visitei pela primeira vez. Visita marcante e calorosa que me levou a refletir logo à chegada: o que é mais importante ver? Ou aprender?

Tomei então como resposta. Aprender com a pastorinha Carmelita a dizer sim à vontade de Deus. Sabia bem que o que mais me impressionava nela era a sua fidelidade, simples, profunda e discreta ao querer divino, redescobri então que a fonte da felicidade está no amor que nasce da oração.

Sei que este foi o maior e o mais belo ensinamento que nos deixou, pois toda a sua história é um contínuo diálogo com o Céu, de uma fé desafiante de quem sabe escutar para saber dizer: “O mundo para mim é apenas o caminho para Deus”, tornando-se ela própria oferecimento de tudo o que lhe era dado, conhecido e desconhecido, para nos revelar o segredo, o seu segredo: A Oração é a porta que nos abre a Deus, onde a vida renasce, onde desvendamos todas as enfermidades do mundo, onde a unidade emerge como dom de cura, às mais profundas inquietudes humanas e se descobrem caminhos novos de presença ativa. Presença que encontramos na visita da Mãe de Jesus à sua cela na véspera do dia 01 de janeiro de 1980: “Deus, ouviu a tua oração e envia-Me para te dizer que é preciso intensificar a oração e o trabalho pela união da Igreja, dos Bispos com o Santo Padre e dos Sacerdotes com os Bispos, para conduzir o povo de Deus…”. Gosto particularmente deste encontro, porque me leva a arregaçar as mangas, e a sentir-me implicado nesta maravilhosa missão de tornar a Igreja mais bonita, mais terna, mais serva. Quando existe alguma tensão nos diversos grupos paroquiais das minhas comunidades, tenho por hábito partilhar esta mensagem da Mãe de Deus e por Obra dela o inesperado sempre acontece.

A Irmã Lúcia é protagonista desta novidade, oferecida a todo o devoto de Fátima que não pode calar a graça que lhe vem do batismo, renovada em cada sacramento em benefício da humanidade peregrina, tantas vezes conduzida pelo toque da sua mão na porta do sacrário, onde tudo era dialogado. Esta sua vivência no bem trinitário, tornou-se para mim um dos mais reconfortantes confortos espirituais, que guardo na memória e que me leva a compreender que todo o coração modelado na oração, reflete a beleza da Boa Nova da Palavra de Deus, que nos seus passos ligeiros ou cansados deixam antever a audácia do seu caminho num suave murmúrio de entrega profunda como Palavra do Senhor.

P. João Luís Silva

Arquidiocese de Évora

 

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