Nunca peregrinei com intuito de escrever sobre o mesmo, nem sentira nenhum chamamento ou necessidade de me expressar.
Vou fazê-lo para cumprir um pedido de partilha de experiência! E que experiência? Nada sei!
Começo por esta afirmação que define a minha humildade como Peregrino que parte na direção de um santuário, da Mãe, de um Apóstolo ou Santo Padroeiro. Como estamos no mês de Maria, irei partilhar a minha experiência no caminho até á Mãe, na peregrinação a Fátima.
Desde muito novo que sou abraçado por Maria, e me tornei devoto de sua terna mensagem. Ver Peregrinos passar, fazia-me questionar tal ação e despertava em mim a vontade imediata de os seguir. Foram precisos muitos anos para da vontade passar á realidade e seguir na experiência.
Começou pela necessidade de encontrar um grupo que cumprisse os meus anseios, peregrinar por fé, devoção, ausente de exploração. Foi difícil encontrar, mas encontrei! (quero deixar aqui esta ressalva, o motivo pelo qual não vivi esta experiência mais cedo, prendeu-se ao conhecimento da exploração Peregrina) Faz parte da crónica, esta abordagem negativa do peregrinar. Mas encontrei!
Aprendi e ensino essa mesma prática peregrina de mãos livres para ajudar pela devoção e pelo amor ao próximo.
Quando parti pela primeira vez não sabia o que me esperava, era um vazio que me assombrava a cada passo que dava. Um desespero de não saber como e quando chegar. Deixar tudo para trás e partir com fé!
Foi a fé que me fez chegar. Percorria a nacional, vendo aqueles milhares que muitas vezes vi passar e nesse momento fazia parte deles, ouvia as histórias, sentia o sofrimento, observava a solidariedade e a exploração.
Cada dia que passava, mais perto estava e mais dúvida e dores eu tinha .. porque é que estás aqui, porquê suportar estas dores, porquê ?
As noites eram mais duras que os dias, essas assombravam a minha alma, mas a fé aliviava meu espírito.
Na minha observação, compreendi que muitos o fazem por promessa, muitos outros só por devoção, outros por desporto e alguns para fugirem a realidades pessoais e familiares difíceis. Respeito-os a todos!
No meio dos meus passos havia lugar para o silêncio e oração. E a oração aliviava as dores, confortava meus pensamentos.
Seguir nacional, não tem muito para relatar, camiões e carros em constante movimento causando insegurança no caminhar.
Até que ao longe se avistava a Cova da Iria, o lugar santo que me fez privar do meu lar, da minha família e da minha comodidade, e num êxtase de emoções pisei o santuário.
Lembro-me serem 20h em ponto e os sinos tocarem, naquele momento o chão tornou-se céu e eu fui como levado às costas até à Mãe.
Os meus pés não doíam mais, o meu ser estava repleto de energia e de fé. Naquele momento tive a certeza que era ali que queria estar, naquele momento orando à Mãe. E, estava!
Chegar não é o fim mas o começo…
E voltei mais vezes de outras formas, aprendi e evoluí, sempre no amor ao próximo e na devoção!
Pedro Diogo
Guia de Peregrinos